O arroz (Oryza sativa L), é segundo cereal
produzido no mundo superado apenas pelo o milho O cultivo do arroz está
intimamente envolvido na cultura, alimentação e economia de vários povos.
Das
plantas que se aproveita o grão, é a única cultivada quase que exclusivamente
para a alimentação humana. Constitui a dieta básica de mais de 3,0 bilhões de
pessoas. É usado na indústria de álcool, perfumarias, bebidas (cerveja, saquê)
vinagre, acetona, farinhas alimentícias, etc. Os grãos "in natura",
devido a proteção da casca, não sofrem facilmente o ataque das pragas dos grãos
armazenados como acontece com o milho e sorgo.
É
considerado um alimento leve, devido à fácil digestão, sendo por isso recomendado
para crianças e pessoas idosas.
CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA
Classe: Monocotiledônea
Ordem: Glumiflorae
Família: Poaceae (Gramineae)
Gênero: Oryza
Espécie: Oryza
sativa
MORFOLOGIA DA PLANTA
O arroz
cultivado é considerado uma gramínea anual semi-aquática. Quando cultivado que
em regiões tropicais pode sobreviver como perene, produzindo novos perfilhos a
partir dos nós, após a colheita. Quando atinge a maturação a planta de arroz
possui um caule principal e alguns perfilhos. Cada perfilho produtivo possui
uma inflorescência terminal ou panícula e a altura da planta varia de 40 cm a 5
m nos arrozes flutuantes. Os estágios de desenvolvimento da planta se dividem
em vegetativo (fases de germinação, plântula e perfilhamento) e estagio
reprodutivo (iniciação e formação da panícula).
RAIZ
O sistema
radicular do arroz é do tipo fasciculado, constituído de raízes seminais
oriundas do embrião, de vida efêmera (Figura 03) e de raízes secundárias com
ramificações abundantes, oriundas dos primeiros nós do colmo, formando o
sistema radicular definitivo da planta (Figura 04). Nas cultivares de sequeiro
predomina um sistema radicular mais desenvolvido do que nas cultivares
irrigadas, característica importante para melhor resistir a seca.
CAULE
O caule
do arroz é tipo colmo, formado de nós e entrenós. Os entrenós variam em
comprimento dependendo da variedade e condições ambientais, e geralmente
aumentam da base para a parte terminal da planta. O número de entrenós varia de
13 a 16, tendo os últimos 4 a 5 entrenós comprimento longo. Em situações onde
ocorre uma elevação rápida do nível da água as variedades adaptadas para
cultivo em águas profundas têm os entrenós mais baixos com comprimento de até
30 cm. Em cada nó existe uma folha e uma gema capaz de emitir perfilhos e
raízes. Os entrenós são ocos. O número e o comprimento dos entrenós determinam
a altura das plantas e dependem da variedade e do ambiente.
A
inundação profunda no estádio inicial de crescimento da planta induz o
alongamento dos entrenós. O comprimento, diâmetro e espessura dos entrenós
determinam a resistência ao acamamento.
Os
perfilhos nascem dos nós inferiores, alternadamente, sendo que do colmo
principal saem os perfilhos primários, destes originam-se perfilhos secundários
que por sua vez poderão emitir perfilhos terciários e assim sucessivamente. A
quantidade de perfilhos emitidos por uma planta depende da variedade e do
ambiente. A fase de perfilhamento começa logo que o a plântula atinge a
capacidade de auto-suficiência e geralmente termina com o inicio da formação da
panícula. O desenvolvimento dos perfilhos inicia quando a plântula possui 5
folhas. Embora os perfilhos permaneçam ligados ao caule principal eles
tornam-se independentes porque possuem as suas próprias raízes. O número de
perfilhos é um fator varietal, mas também é influenciado pôr fatores ambientais
como espaçamento, luz, nutrientes e práticas culturais.
FOLHAS
As folhas
do arroz são invaginadas, dispostas no colmo alternadamente em cada nó. O
número de folhas por colmo varia de 6 a 12, sendo que o colmo principal possui
mais folhas do que perfilhos.
A folha é
constituída de bainha, lâmina e zona de união com lígula e aurícula (Figura
05). A lígula e a aurícula servem para diferenciar as plantas de arroz, do
capim arroz (Echinocloa sp), uma das principais invasoras do arroz, que não as
possui. A última folha, chamada de folha bandeira, Figura 06, permanece ereta
depois da maturação. O ângulo de inserção da folha é importante no
aproveitamento da radiação solar e na fotossíntese. Folhas eretas tornam as
plantas mais produtivas do que folhas horizontais. Folhas curtas e estreitas
está associado com folhas eretas, portanto desejáveis.
A
superfície foliar é avaliada pelo índice de área foliar (IAF) que é
influenciado pelo espaçamento, densidade de plantio e adubação.
INFLORESCÊNCIA
A
inflorescência do arroz é uma panícula ramificada com espiguetas dispostas ao
longo das ramificações. A espigueta é unifloral sendo envolvida por lema e
pálea que formam a casca da semente. A panícula do arroz é ereta inicialmente e
pendente quando há a formação dos grãos. O número de grãos por panícula varia
em média de 100 a 150. Através dos componentes da panícula é possível estimar a
produção de grãos de uma determinada área, conforme a seguir:
Produção(t/ha)
= no. panículas/m2 x no. grãos/panícula x % de grãos cheio x peso de 1000 grãos
(g) x 10-5.
FLOR
A flor da
planta de arroz é envolvida pelas glumas (pálea e lema) e constituída de 6
anteras e 1 ovário contendo 1 óvulo e estilo curto com 2 estigmas plumosos. Na
base do ovário existem 2 estruturas chamadas lodículas que quando se intumesce
provocam a abertura da flor, que dura de 1 a 2 horas. A flor do arroz é
normalmente autopolinizada, porém podem ocorrer cruzamentos naturais, que varia
com a variedade e condições ambientais. Estudos conduzidos nos Estados Unidos
mostraram a existência de uma taxa de cruzamento natural variando de 0 a 3,0%,
com média de 0,5%. O período de abertura das flores de uma panícula varia de 7
a 10 dias.
SEMENTE
A semente
de arroz é um fruto-semente chamada cariopse, envolvida pela casca, que é
constituída de lema e pálea com suas estruturas associadas (glumelas, ráquila e
arista). O peso da casca representa aproximadamente 20-30% do peso do grão. É
parte ainda da semente o pericarpo, o endosperma e o embrião. O pericarpo é
constituído de fibras com pigmentos avermelhados, envolve o endosperma, e
normalmente é removido durante o beneficiamento, para conferir melhor aparência
ao grão. O tamanho, forma e peso da semente variam com a variedade e condições
ambientais.
Comercialmente
as sementes de arroz são classificadas em longas, médias e curtas.
As
sementes de arroz germinam sob condições anaeróbicas, solos alagados, mas o
crescimento subseqüente é prejudicado. Trabalhos conduzidos no Rio Grande do
Sul mostram que o tratamento das sementes com CaO2 (peróxido de cálcio) pode
melhorar a emergência das plântulas em solos inundados.
FASES DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA PLANTA DE ARROZ.
O
crescimento e desenvolvimento da planta podem ser divididos em 3 fases:
vegetativa, reprodutiva e de maturação.
FASE VEGETATIVA
Inicia-se
com a germinação das sementes, passa pelo perfilhamento e alongamento do colmo,
terminando com a diferenciação do primórdio floral
O
processo de germinação dura de 5 a 7 dias e pode não ocorrer devido a problemas
de dormência causada por uso de sementes recém colhidas. A dormência depende
ainda da variedade, umidade na colheita e temperatura (baixa na maturação e
altas na floração favorece a dormência). Outras causas de dormência: falta de
oxigenação provocada pela lema e pálea e presença de inibidores (ácido
abscíssico na casca). A quebra na dormência pode ser conseguida através do
tratamento térmico (500 C durante 4-5 dias); tratamento químico (imersão em
solução 0,1N de HNO3 durante 16-24 horas).
O
perfilhamento começa com as plantas no estágio de 4-5 folhas e depende da
cultivar, temperatura, nutrientes radiação solar e densidade de plantio. A
presença de fósforo favorece o perfilhamento.
FASE REPRODUTIVA
Inicia-se
com a diferenciação do primórdio floral e termina com o inicio da floração O inicio
do primórdio floral pode começar antes ou após o perfilhamento máximo,
dependendo da cultivar. A situação ideal seria aquela em que o inicio da
floração coincidisse com o fim do perfilhamento máximo. Durante a fase
reprodutiva ocorre alongamento dos entrenós e folhas, emborrachamento,
aparecimento da panícula e abertura das flores. Essa fase tem inicio 40-45 dias
após a germinação, em variedades de ciclo precoce (105-110 dias), e nela é
determinado o número de espiguetas. É afetada por temperatura e radiação solar
baixa e deficiências de água e nitrogênio.
FASE DE MATURAÇÃO
Nessa
fase ocorre o enchimento e maturação dos grãos que passa pelos estágios de grão
leitoso, grão pastoso e grão maduro. No grão maduro o endosperma apresenta
coloração branca e o seu teor de umidade varia de 20-25%. Se o grão permanecer
no campo após a maturação pode tornar-se quebradiço, apresentar baixo
rendimento industrial e ocorrer degrane.
O maior
parte dos carboidratos do grão é produzido durante a fase de maturação.
Entretanto carboidratos armazenados no colmo e outras partes da planta, antes
da floração podem ser translocados para os grãos.
A
qualidade da semente torna-se prejudicada se a umidade na colheita for inferior
a 16%, por apresentar baixo vigor e germinação. O aparecimento de perfilhos
pode ocorrer, se o arroz permanecer no campo por muito tempo após a maturação.
PREPARO DO SOLO
Arroz
irrigado - O preparo é geralmente feito com uma aração seguida de uma gradagem.
Se houver necessidade, faz-se um nivelamento antes da semeadura. O entaipamento
é feito depois da semeadura. Em solos alagados o preparo é feito com
equipamentos especiais, trator com tração positiva e pneus arrozeiro ou
sobre-rodas.
Arroz de
sequeiro - Recomenda-se proceder a uma aração logo após a colheita, para
incorporar os restos de cultura melhorando as características físicas e
químicas do solo. A soqueira deve ser destruída com roço ou grade leve. Próximo
ao plantio realizar a gradagem para controlar as plantas daninhas e destorroar
o solo.
SEMEADURA
ÉPOCA:
Ø Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul - set/out.
Ø São Paulo e Minas
Gerais - out/nov.
Ø Nordeste - início das
chuvas (arroz de sequeiro)